Páginas

domingo, 30 de setembro de 2007

50º Aniversário dos Capelinhos - Seminário

Para concluir esta série contínua ao longo desta semana a assinalar o arranque das Comemorações do 50º Aniversário da erupção dos Capelinhos, seguem-se as fotos do seminário "Capelinhos - 50 anos de ciência".
Os intervenientes da sua direita para a esquerda: Raquel Soeiro de Brito, Britaldo Rodrigues, Frederico Cardigos, Robert Tilling, Victor Hugo Forjaz (clique para ampliar).

O convidado principal e membro da Comissão de Honra, o Vulcanólogo Robert Tilling, do Observatório Vulcanológico do Havai que dissertou sobre a história da geologia, os riscos vulcânicos e a importância e técnicas de monitorização(clique para ampliar).

Para quem não é conhecedor das ciências vulcanológicas fica aqui a informação sobre a importância do Vulcão dos Capelinhos:
Foi o primeiro vulcão mundial submarino e de longa duração (13 meses) que por se encontrar próximo da costa numa zona habitada, foi possível acompanhar e efectuar o registo da sua evolução em imagens e de parâmetros fisico-químicos desde o seu primeiro dia até ao último, num momento de desenvolvimento das ciências da terra. O que permitiu um manancial informativo único e com a relevância de ter começado como submarino e evoluído para subaéreo, com períodos de transição entre ambos os tipos ao longo de 5 meses (Dezembro a Maio).
Os elementos sobre o conhecimento do vulcanismo submarino depois foram completados com uma outra erupção na islândia - Surtsey.
Neste acompanhamento científico realço, pela sua presença neste seminário, a Geógrafa Raquel Soeiro de Brito que apesar da sua idade mostrou uma frescura física e mental invejável.
Para relatar a evolução do vulcão, surgirão esporadicamente posts neste blog.

sábado, 29 de setembro de 2007

50º ANIVERSÁRIO DOS CAPELINHOS - Componente científica

As comemorações do 50º Aniversário dos Capelinhos já produzem frutos de índole científica.
O primeiro foi o lançamento do livro de Prestígio das comemorações. Editado por V. H. Forjaz, entitulado "Vulcão dos Capelinhos, Memórias 1957 -2007" contém uma compilação dos artigos científicos e de jornais referentes ao Vulcão dos Capelinhos.
Não sendo exaustivo de todas publicações dos últimos 50 anos, é sem dúvida a colecção mais vasta e mais volumosa em termos de informação reunida num único volume de 4 kg, capa dura e onde o vulcão parece coberto por glacê de um bolo. Uma obra indispensável para quem quer bem informado sobre o evento a nível científico ou do modo como o mesmo foi divulgado na Comunicação Social escrita. O livro vai estar à venda nas várias livraria do arquipélago.

O segundo é o Seminário "Capelinhos - 50 anos de Ciência" que se realiza no domingo, dia 30 de Setembro, pelas 14:30 no Teatro Faialense.
Infelizmente acessível apenas a quem se encontrar no Faial nesta data.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

O VULCÃO DOS CAPELINHOS - relato do primeiro dia

O extinto jornal diário "O Telégrafo", talvez o mais importante da ilha em quase todo o século XX na ilha do Faial, descreveu na sua primeira página do dia 28 de Setembro de 1957 o primeiro dia da erupção dos Capelinhos...
(clique para ampliar)

Quem lê, vê de imediato o estilo original de um jornal de província e repara que, localmente, ninguém imaginava o impacte daquele vulcão no futuro do Faial e dos Açores. Sem dúvida um retrato da ilha naquela época.

50.º ANIVERSÁRIO DO VULCÃO DOS CAPELINHOS - O Início

Cinquenta anos distam as duas fotografia deste post.
Na primeira são visíveis, acima dos ilhéus dos Capelinhos, quatro manchas esbranquiçadas que correspondem aos locais onde tudo começou, faz hoje precisamente 50 ANOS, de onde saíram os primeiros gases vulcânicos, uma espécie de fumarolas submarinas. Nesta zona instalaram-se depois as primeiras condutas ou chaminés vulcânicas no fundo do mar, onde ocorreram as primeiras explosões devido ao contacto do magma com a água do mar e onde começou a nascer a Nova Ilha.
A faixa de cor clara resulta da dissolução de gases na água, da subida da temperatura do mar e da destruição do plancton e outros seres vivos marinhos na área, evidenciando a importância dos gases vulcânicos no desencadear de uma erupção.

O Vulcão a 27 de Setembro de 1957 (origem da imagem descrita na foto, clique para ampliar)

Os primeiros centros eruptivos situaram-se a cerca de um quilómetro do extremo ocidental do Faial, junto aos restos de um antigo vulcão, igualmente submarino, cujas relíquas eram os ilhéus dos Capelinhos e a linha de costa de então, denominada de Costado da Nau, onde se situava o farol dos Capelinhos.
[Machado, F. e Forjaz, V. H. - in Actividade Vulcânicas do Faial - 1957-67 (1968), Ed. Com. Reg. Turismo Distrito da Horta, clique para ampliar]

Durante mais de 13 meses de erupção do vulcão saíram, gases, cinzas, lavas, bombas vulcânicas, bagacina que construiram uma nova ilha que se uniu ao Faial, fazendo este crescer mais de 2 km2.
Com o termo da erupção veio a erosão, provocada pelo vento, chuva e mar, que foi "devorando" a nova terra, construindo arribas costeiras, reduzindo o volume da obra do vulcão e hoje a situação é a que se observa na foto. Já é visível um dos ilhéus então coberto de cinzas, evidenciado pela protuberância na linha de costa do outro lado da baía sul dos Capelinhos mostrada na foto e todo o resto que aqui se vê... é solo português feito desde o início da erupção.

(clique para ampliar)

domingo, 23 de setembro de 2007

A HISTÓRIA GEOLÓGICA DO FAIAL VIII - O VULCÃO DOS CAPELINHOS

A história geológica do Faial, relatada nestas páginas de uma forma simples e para as pessoas em geral, irá terminar com a abertura de um nova série de mensagens, dispersas no tempo, que pretendem associar este blog às comemorações do 50.º Aniversário do início da Erupção dos Capelinhos, a última erupção da história geológica do Faial e do Complexo Vulcânico do Capelo, cujo programa arranca esta semana e se estenderá com numerosas acções ao longo de 14 meses.

Assim, através da emissão de textos explicativos e imagens sobre a história eruptiva do vulcão, da cooperação já existente com a Comissão Organizadora, bem como com o relato das impressões pessoais das várias iniciativas oficiais que se desenvolvam nestes meses, espero cobrir e divulgar convenientemente, não só a realidade que foi a Erupção do Vulcão dos Capelinhos, como também, o impacte das Comemorações deste evento geológico no Faial e ainda o trabalho da Comissão Organizadora. Os próximos 14 meses serão sem dúvida a um período excepcional para qualquer amante da vulcanologia visitar esta ilha.

Para conhecimento do programa de comemorações recomendo a visita da página oficial da Comissão Organizadora
NOTA: Para conhecimento das comemorações, este blog não dispensa a visita à página oficial da Comissão Organizadora. Todas as fotos que venham a ser aqui expostas foram anteriormente publicadas ao abrigo destas comemorações ou de outros eventos, será feita a menção directa na foto ou no texto do local onde se encontram publicadas, mas frequentemente impossível de identificar o autor original.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

DIVERSIDADE VULCÂNICA DO FAIAL

Após a apresentação de todas as unidades vulcanoestratigráficas do Faial e da quase conclusão da história geológica da ilha, evidencio agora que nesta parcela de 172 km2, o vulcanismo se apresenta de uma forma tão diversificada que mais parece uma exposição natural sobre a variedade do vulcanismo.
Assim, quanto à possibilidade de repetição de uma actividade eruptiva a partir de uma chaminé, o Faial possui os dois tipos de vulcões:
Monogenéticos, como são os casos do Monte da Guia e Queimado, entre outros na formação do Almoxarife e do Capelo, onde o magma foi expelido num único período eruptivo.
Poligenéticos, onde poderão ocorrer diversos períodos eruptivos intercalados por outros de acalmia, enquadram-se neste caso os dois grandes aparelhos vulcânicos do Faial, que são responsáveis pela construção de grande parte da ilha, os estratovulcões da Ribeirinha e dos Cedros ou Caldeira.


(Monogenético vs Poligenético)

Quanto ao modo de instalação da conduta, ao longo de uma fissura ou no cruzamento de falhas, o que permite o desenvolvimento de uma chaminé principal e em torno da qual tudo se desenvolve, a ilha continua a apresentar os dois tipos:
Vulcanismo Fissural - uma grande fissura ou fenda inicial permitiu o crescimento da Península do Capelo, este tipo de vulcanismo tende a evoluir para cones monogenéticos alinhados, são os casos do alinhamento do Capelo e de outros menores na região da Horta.
Vulcanismo Central - Origina, por norma, grandes aparelhos, com muitos estratos, por isso também chamados de estratovulcões, onde se sobrepõem níveis de lava, escória vulcânica, cinza e solos antigos (paleossolos, que são testemunho dos períodos de acalmia) e representados pelo vulcões da Ribeirinha e da Caldeira.




(uma conduta central vs um alinhamento)

Quanto ao posicionamento das chaminés monogenéticas em relação à água, novamente temos as duas possibilidades:
Submarinas - Com chaminés onde a água entra com intensidade na chaminé, formando cones de tufo vulcânico, casos do Monte da Guia e do Costado da Nau.
Subaéreas - Onde a chaminé, embora possa estar perto do mar ou longe, não está em contacto directo e importante com a água, são exemplos o Monte Queimado e Cabeço do Fogo, por norma, formam os denominados cabeços de bagacina.
Também com o tempo se pode passar de submarinos a subaéreos, raramente ao contrário, mas isso fica para a erupção em falta.


(Cabeço subaéreo vs submarino, este acompanhado de um costeiro subaéreo)

Importa esclarecer que nos Açores os grandes Vulcões Centrais frequentemente começaram por ser submarinos, só que como são poligenéticos e se desenvolvem por muitos milhares de anos, praticamente estamos limitados a ver a sua actividade subaérea, embora nalguns locais da costa sejam visíveis escoadas que fluíram debaixo de água.

Ainda no que se refere à variedade de lavas, tipo de explosividade e materiais formados neste tipo de situações, o Faial continua a parecer uma sala de exposições de rochas vulcânicas: das lavas pretas dos Basaltos, às quase brancas dos domos Traquitos, passado pelos fragmentos fruto de explosões como Pedra-pomes, Bagacina, Bombas vulcânicas e Cinzas, além dos depósitos das núvens ardentes - Ignimbritos, esta ilha é de uma geodiversidade vulcânica estrondosa e quem quiser apreciar ou estudar o Faial encontra um autêntico museu, pouco falta!

Mas como ao passado longínquo os homens dão pouca importância, Vulcano com a sua forja visitaram o Faial no século XX, numa erupção que foi um marco na vulcanologia moderna, mas isso fica para a semana.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

HISTÓRIA GEOLÓGICA DO FAIAL VII - O Vulcão da Praia do Norte

Após o povoamento do Faial no final do século XV e talvez depois de várias pequenas crises sísmicas que os cronistas não registaram, eis que em Setembro de 1671 os habitantes do Capelo e da Praia do Norte passaram a ser perturbados por tremores de terra que se prolongaram por meses até que, na noite de 24 de Abril de 1672, os faialenses assistiram ao início de uma erupção vulcânica no alinhamento do Capelo e de que resultou a construção do cone de escórias vulcânicas, bagacinas, denominado Cabeço do Fogo, no centro da foto abaixo, a zona escura das suas vertentes resultam destas não estarem ainda completamente cobertas de vegetação.
A zona à direita do cone não tem pastagens pois nos campos de lava recentes não existe ainda solo adequado (clique para ampliar)

Este foi o início de um período sombrio, pois a lava brotou do chão em pelo menos dois locais do alinhamento do Capelo. Formaram-se então duas escoadas lávicas que correram em sentido opostos. Uma para norte que cobriu grande parte da freguesia da Praia do Norte, que na época se situaria mais para oeste e possuía boas terras agrícolas. Outro derrame correu para sul e destruíu um povoado do Capelo denominado Ribeira Brava, que nunca mais teve lugar na toponímia da ilha e que deveria situar-se próximo da actual recta do Areeiro.
Esta erupção mostrou que o Complexo Vulcânico do Capelo tinha um vulcanismo ainda activo.
Vulcão de 1672 à esquerda da foto e a sua escoada para norte, na zona de transição de verdes vê-se a actual Praia do Norte (clique para ampliar)

A erupção estendeu-se até inicio de 1673, teve períodos explosivos de onde saíram cinzas que cobriram grande parte do Faial e como ambas as escoadas chegaram ao mar, isolaram o extremo ocidental do Capelo do resto da ilha, onde as pessoas só foram socorridas por barco. Esta erupção deixou mais de 300 casas destruídas, vários mortos, 1200 desalojados. Destes cerca de 200 cidadãos foram forçados a emigrar por solicitação do municipio da Horta para o Brasil.
Vulcão da Praia do Norte à direita e escoada do lado sul, ao fundo a freguesia do Capelo

Em escoadas de lava junto ao mar na Praia do Norte, atribuídas por geólogos a esta erupção, encontraram-se magníficos fragmentos de rochas do interior da terra, arrancadas pela força do magma em ascensão, chamados Xenólitos. Nestas rochas existe em grande quantidade um mineral chamado Olivina, parece-se com um vidro verde garrafa, e no qual se encontrou, pela primeira vez na natureza, uma variedade pura de olivina rica em ferro e que por isso foi baptizada de Faialite. Hoje, por todo mundo, quem estuda geologia aprende o nome deste importante mineral que regista a sua origem faialense na ciência.

Mas o vulcanismo no Faial desde então não ficou parado, mas isso há-de ficar para uns próximos posts...

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

HISTÓRIA GEOLÓGICA DO FAIAL VI - Complexo Vulcânico do Capelo

Ninguém sabe bem quando, mas o vulcão dos Cedros já andava nos seus arrufos altamente intempestivos e a Caldeira em grande parte formada, quando nos últimos milhares de anos, 2000, 3000 anos, talvez um pouco mais, não se sabe bem, mas eis que a partir de uma grande falha situada a Oeste da Caldeira começou a sair lava, e assim surgiu um vulcão monogenético, provavelmente com uma chaminé alongada numa fissura, alguns anos depois outro vulcão e a seguir muitos mais e todos alinhadinhos como numa parada.


Vários cones alinhados visto de Leste para Oeste na região da Caldeira.


Uns localizaram-se no mar, outros em terra, uns no extremo ocidental da ilha e fizeram-na crescer um pouco para o lado das Flores, outros mais para leste e alargaram aquela ponta comprida de ilha que vai do Capelo até à Caldeira. Todos monogenéticos, todos situados sobre a mesma falha de direcção quase Este-Oeste, embora ligeiramente desviada para Noroeste, deles sairam escoadas lávicas de composição basáltica. Uns em terra produziram bagacina, outros no mar geraram muita cinza vulcânica e em conjunto formaram a Península do Capelo, onde assentam as freguesias do Capelo e da Praia do Norte, à soma das rochas por eles formadas chamam os geólogos o Complexo Vulcânico do Capelo, o capítulo mais jovem da construção do ilha do Faial.

Vários cones alinhados vistos de Oeste para Leste, ao fundo o bordo da Caldeira
Foto proveniente do blog amigo Na Rota das Hortências, com quem Geocrusoe se orgulha de cooperar


Depois do homem chegar à ilha e povoar o Faial, esta falha e este alinhamento mostrou mais de que uma vez que ainda estava vivo, mas isso fica para outros posts.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

GRUTAS VULCÂNICAS II - Algares vulcânicos

Algares vulcânicos são grutas com um desenvolvimento subvertical e como podem ver da figura da colecção descrita no post anterior, resultam do esvaziamento da parte superir da chaminé, frequentemente porque a lava encontrou uma nova saída a uma cota inferior.

Pela sua enorme beleza, destaco dois algares nos Açores:

- o Algar do Carvão, na Terceira, onde se encontra uma pequena lagoa cor de esmeralda e estalactites e estalagmites de sílica (uma raridade na natureza), que se encontra aberta ao público e gerida pelos Os Montanheiros; e

- a Furna do Enxofre, na Graciosa, novamente com uma lagoa subterrânea, agora de maiores dimensões, onde se anda de barco, existe ainda uma sulfatara ("fumarola" onde os gases de enxofre são uma componente importante e daí o nome e o cheiro, outra raridade no mundo espeleológico) e uma luminosidade natural muito própria.

Ambas têm acessos muito fáceis, mas a segunda implica conhecimento prévio da concentração de dióxido de carbono libertado do solo, o qual é monitorizado permanentemente pelas minhas colegas do Centro de Vulcanologia.

No Faial, a Furna Ruim é um desafio mais para alpinistas do que para espeleólogos, mas para quem gosta de aventura está na freguesia do Capelo. Em S. Jorge existe outro algar de enormes dimensões próximo do Cabeço do Moitoso, entre as freguesias das Manadas e da Urzelina. No Pico a furna perto do início do trilho de subida para a Montanha tem outro algar profundo associado. Para mais informações contacte Os Montanheiros ou o Gespea pois são quem melhor conhece o geopatrimónio espeleológico dos Açores.

Nota: para salvaguardar os interesses das associações que editaram a a colecção as imagens fora intencionalmente cortadas e não digitalizadas na melhor qualidade neste post.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

GRUTAS VULCÂNICAS I - Tubos de Lava

As associações Amigos dos Açores, Os Montanheiros e Gespea, com apoio da Secretaria Regional do Ambiente e do Mar, acabaram de lançar uma edição de seis postais subordinados ao tema "Cavidades Vulcânicas dos Açores".
Com fotos de Jorge Góis e design de Nuno Farinha, mostram um tipo de belíssimas estruturas geológicas a visitar nos Açores, com destaque nas ilhas Pico, Terceira, São Miguel e Graciosa.

A série deverá estar à venda nas sedes das associações mencionadas e nas cavidades abertas oficialmente ao público e geridas pelas mesmas.
Com a particularidade de apresentarem esquemas e um texto explicativo no verso sobre a génese dos dois principais tipos de cavidades vulcânicas: os Tubos de Lava ou Gruta Lávica (desenvolvimento em plano inclinado) e os Algares (essencialmente subverticais).

Ao nível de tubos de lava, recomendo aos menos aventureiros a Gruta das Torres, no Pico, e a Gruta do Carvão, em São Miguel. Aos amantes da espeleologia existem muitas mais cavidades a visitar e explorar, eu destaque por gosto pessoal a dos Montanheiros e o troço norte da Furna Frei Matias no Pico, mas existem muitas mais nesta ilha e na Terceira, contudo é conveniente uma organização prévia em conjunto com o Gespea , Os Montanheiros ou os Amigos dos Açores por questões ambientais e de segurança.

Nota: Por motivos de evitar cópias, em prejuizo das associações, a colecção não é apresentada na totalidade, várias fotos foram cortadas intencionalmente e não foi utilizada a melhor qualidade na digitalização das imagens.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Vídeo de formação de uma caldeira vulcânica

Apesar de existirem algumas diferenças no modo de formação de Crater Lake, o vídeo, provavelmente traduzido para ou por uma escola portuguesa, ilustra um dos mecanismos mais comuns de formação de caldeiras: o abatimento do cone devido ao esvaziamento da câmara magmática.
No vulcão dos Cedros o diâmetro da câmara magmática deveria ser pouco extenso e um dos mecanismos significativos na formação da caldeira terá sido a própria cicatriz deixada pela energia associada à grandeza das explosões... mas é normal que os abatimentos tenham tido também alguma importância.
Quanto ao facto da caldeira do Faial não ter uma lagoa, tal deve resultar, sobretudo, da jovialidade do seu fundo. Ainda não se formou uma camada impermeável de argila suficientemente espessa para reter a água e, sobretudo, porque as fissuras que lá existem nas rochas ainda não foram colmatadas com o tempo... lembre-se que a última pequena explosão no seu interior foi em Maio de 1958.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

HISTÓRIA GEOLÓGICA DO FAIAL V - Formação da Caldeira

Eis como nasceu uma das estruturas mais belas do Faial!
Provavelmente ainda com erupções vulcânicas pertencentes à Formação de Almoxarife, eis que há cerca de 16.000 anos o Vulcão Poligenético dos Cedros reentrou em erupção, de uma forma altamente explosiva e durante os últimos milhares de anos parece ter repetido estas de fúrias pelo menos 14 vezes.
Algumas destas explosões foram tão intensas que expulsavam da cratera fragmentos de magma a grande temperatura que ao cairem cobriram grandes extensões do Faial com pedra-pomes. Uma rocha granular, normalmente clara, cujos grãos são muito porosos e flutuam na água (foto imediatamente acima e abaixo).
Outras vezes as explosões tiveram tanta energia que pulverizavam o próprio magma expelido da cratera e que se depositou em muitos lugares da ilha como um pó a que os geólogos chamam de cinza vulcânica.
Há cerca de mil anos as explosões fizeram escoar núvens de gotícolas de magma sobre muitos vales da ilha, com destaque para os Cedros - Ribeira Funda, Pedro Miguel - Praia do Almoxarife e Flamengos.As gotículas e lava nos vales denominadas de núvens ardente cobriram a floresta de então com dezenas de metros de cinza, pedra-pomes e areia, deixando no sei interior troncos de árvores queimados, uma espécie de carvão natural e que ainda hoje parece actual. À rocha assim formada os geólogos chamam ignimbrito e a sua origem podem destruir cidades inteiras em segundos, como São Pedro da Martinica e Plymouth respectivamente no início e final do século passado.
Como resultado destas explosões o centro do vulcão foi desmantelado e a cratera alargou-se e transformou-se numa estrutura de beleza impar, cujo nome técnico e popular se estendeu para além dos Açores - CALDEIRA - assim nasceu a Caldeira do Faial! (clique para ampliar)
Desde então, talvez pouco antes dos portugueses pisarem o Faial pela primeiroa vez, uma pequena erupção ocorreu no seu interior e formou-se um cone vulcânico na base da Caldeira, provavelmente sinal de um outro vulcanismo que já estava igualmente a nascer no Faial.
Na noite de 12 para 13 de Maio de 1958 uma pequena explosão no fundo da Caldeira cobriu o seu interior de uma fina camada de cinza... talvez para nos lembrar que o Vulcão dos Cedros e que nós faialenses chamamos de Vulcão da Caldeira pode estar a dormir, mas não morto.

Curiosamente a pedra-pomes destas explosões por vezes chegaram à ilha de São Jorge, transportadas pelo vento, mas parece que a nossa ilha irmã do Pico nunca foi tocada por estas fúrias, talvez sinal da fraternidade destas duas ilhas que geologicamente parecem siamesas.
Apesar de tudo os faialenses devem saber que o início de uma erupção é sempre vigiado pelo Centro de Vulcanologia e por isso podem dormir descansados que alguém vigia o vulcão 24 horas por dia...
A tese de doutoramento de PACHECO, J. (2001) – "Processos associados ao desenvolvimento de erupções vulcânicas hidromagmáticas explosivas na ilha do Faial e sua interpretação numa perspectiva de avaliação do hazard e minimização do risco"... é uma das fontes deste e de outros posts deste blog.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

HISTÓRIA GEOLÓGICA DO FAIAL IV - Formação do Almoxarife

A natureza ao longo do tempo prega-nos partidas e apesar do Vulcão Poligenético dos Cedros ter andado a crescer desde há cerca de 400.000 anos até perto dos 30.000 anos atrás e embora continuasse potencialmente activo, eis que entra num sono letárgico! Mas um novo tipo de vulcanismo instala-se no Faial a partir de fissuras no extremo sudeste da ilha...
Mesmo lá em baixo junto ao mar surge um vulcanismo de lavas basálticas, com a formação de pequenos cones vulcânicos de bagacina ou tufo, deles saíram escoadas de lava muito líquida que ao solidificarem davam uma rocha preta - o basalto. Estes vulcões que não estiveram todos activos em simultâneo, devem ter começado a surgir, talvez, há 15 ou 20.000 anos atrás e continuaram a "nascer" novos, até quase há 10.000 anos... depois tudo se acalmou.
Hoje, nos flancos de vários destes cones, em anfiteatro, está a cidade da Horta, que em vez de colinas tem o Monte Carneiro, o Cabeço das Moças, da Conceição, Queimado e o Monte da Guia...
Na zona a Leste da Horta existem vários outros que bordejam a freguesia dos Flamengos...
e algumas lavas sobrepuseram-se às lavas muito mais antigas do vulcão da Ribeirinha, foram até ao mar e formam a base do porto da Praia do Almoxarife, que ao serem estudadas deram o nome ao conjunto de todos esta actividade vulcânica: a Formação de Almoxarife...
só que após a acalmia deste vulcanismo, novamente o vulcão dos Cedros decidiu acordar e de uma forma que esta ilha nunca vira...