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sábado, 28 de junho de 2008

OS CAPELINHOS EM JUNHO/JULHO DE 1958

A partir da crise sísmica da noite de 12 para 13 de Maio de 1958, a erupção do vulcão dos Capelinhos deixou de ser afectada pela intrada de água do do mar no interior da chaminé vulcânica, pelo que a actividade eruptiva transformou-se de essencialmente submarina para subaérea.

[ foto publicada em: Machado, F. e Forjaz, V. H. (1968) "Actividade Vulcânica do Faial - 1957-67" Ed. Com. Reg. Turismo Distrito da Horta]

Assim, a actividade que era do tipo surtsiana, mais explosiva e grandes emissões de vapor, para estromboliana, com o aparecimento de escoadas de lava e projecção de respingos de lava ao longo de explosões de menores dimensões (não tão pequenas quanto isso, em 2001 o Etna ensinou-me quão perigosas estas podem ainda ser para os que se aventuram estar perto).
Durante a noite a actividade estromboliana pode dar origem a espectáculos de repuxos de lava de uma beleza difícil de descrever por escrito.

Em Junho e Julho, no essencial, esta actividade não sofreu alterações dignas de nota, por isso este post da série quase mensal e a relatar a história desta erupção no seu quinquagésimo anivérsário é comum aos dois meses em causa.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

FESTA DE SÃO PEDRO DA BOCA DA RIBEIRA

No belo enquadramento paisagístico do Porto da Boca da Ribeira, por onde, segundo alguns, terá começado o povoamento da Ribeirinha, decorrerá no próximo fim-de-semana a tradicional festa-romaria de São Pedro e que magníficas recordações de infância me traz à memória.

O programa vai abaixo, basta clicar na imagem para a ampliar e ajudar a leitura, embora tomo a liberdade de salientar: a Chamarritas na noite de São Pedro, o churrasco no Domingo ao início da tarde e para os desportistas mais afoitos, o dualto. Se o mar estiver com boa disposição e extra-programa, uns banhos em águas límpidas são sempre de aproveitar.
Mais informações contacte a Junta de Freguesia da Ribeirinha.

A calma do meu local predilecto de repouso aos fins-de-semana vai de férias, a partir de agora, já sei que regressa apenas no próximo Outono, assim sendo, há que me adaptar ao bulício do Verão.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Prémio Príncipe das Astúrias 2008: MARGARET ATWOOD

Poucos escritores vivos me marcaram tanto quanto Margaret Atwood. Hoje, ao abrir o computador de manhã, lá estava a notícia: Margaret Atwood ganhou o prémio Príncipe das Astúrias para as Letras, diante de 32 candidatos, venceu perante nomes consagrados, cujo marketing não precisa de ultrapassar as barreiras que a cultura canadiana tem de enfrentar para vencer fora de portas.
O prémio Príncipe das Astúrias, sem dúvida, actualmente um dos de maior projecção mundial na literatura, que várias vezes precedeu ao prémio Nobel, este ano foi entregue a esta escritora canadiana, cujos livros muitas vezes conjugam uma beleza e uma crueza ímpar, que nos fazem reflectir sobre as principais disfunções desta sociedade onde vivemos.

(foto extraída de Wikipédia)

Margaret Atwood, através da criação de mundos imaginados a partir de vários aspectos da realidade recente, é nalguns livros uma versão feminina e actual de George Orwell, Ray Bradbury e Aldous Huxley, num estilo sombrio designado em inglês por "dystopian", mas onde o sentimento e a reflexão estão sempre presentes.
Noutros livros, expõe a ternura, o amor e a complexidades dos laços sociais que se formam nas pequenas comunidades, onde se misturam os tabus religiosos e culturais, que afectam, sobretudo, os mais frágeis.

Parte da sua obra está traduzida em português, não conheço as traduções, mas destaco três livros por terem sido aqueles que mais me marcaram.

"The Handmail's Tale", o relato da vida de uma mulher após a instalação, de uma forma quase natural, de uma ditadura nos Estados Unidos. Um livro arrepiante, por vezes mesmo chocante, mas corajoso e proibido nalguns locais do ocidente mais conservadores, devido ao seu conteúdo arrojado. Governor General's Award, o prémio literário mais prestigiante no Canadá.


"Oryx and Crake", passo a passo, como foi o fim da civilização humana actual com base no evoluir da situação presente. Uma obra perturbadora, que denuncia de uma forma muito dura o abismo para onde o nosso mundo corre actualmente, com o domínio da internet, das multinacionais, da genética etc. Finalista do Governor General's Award, um feito que mostra a grande qualidade desta obra, mesmo face à sua crueza.


"The Blind Assassin", Booker Prize do ano 2000, o prémio mundial dos livreiros de língua inglesa e o livro que mais gostei de ler no século XXI: o amor, a ternura, a complexidade das relações humanas, a ficção científica, a realidade histórica, o feminismo e o seu oposto. Tudo se reúne nesta obra complexa de uma beleza difícil de igualar, recomendável a todos os tipos de leitores, mais sensíveis ou desejosos de emoções mais fortes, mas apesar de tudo, o espírito de denúnicia da autora nunca desaparece de todo no seio das magníficas páginas da obra.

terça-feira, 24 de junho de 2008

MARCHAS DE SÃO JOÃO DA CALDEIRA, 2008

Abaixo e como prometido, apresento as fotos das seis Marchas de São João da Caldeira, na tradicional romaria ao largo Jaime Melo.
O desfile das marchas teve a seguinte ordem: Flamengos, Ribeirinha, Castelo Branco, Feteira, Cedros e Colégio de Santo António.




A todos os pares, músicos e responsáveis pela organização: muitos parabéns!
Têm sempre o meu apoio todas as iniciatiavas e disponibilidades da população em prol da manutenção das nossas tradições e desenvolvimento da convivência saudável entre todos.

Um destaque especial para os participantes, organizadores e colaboradores da marcha da Ribeirinha, pelo seu esforço em levar avante esta tarefa numa das freguesias com menos população da ilha, em especial os que vieram de outras localidades. Colaborar e apoiar acções duma pequena freguesia é sempre dignificante.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

SÃO JOÃO DA CALDEIRA 2008 - Marcha da Ribeirinha

Nos últimos anos a freguesia da Ribeirinha retomou a tradição das marchas dos Santos Populares e este ano não foi excepção.
Num jeito de cheirinho, cá vai uma mostra do ensaio geral deste ano, num vídeo sem grande qualidade.
A estreia absoluta, já se sabe, é amanhã, dia de São João, na romaria tradicional ao Largo Jaime Melo, junto à ermida de São João da Caldeira e num desfile que integrará seis marchas de várias freguesias da ilha.
Caso a disposição e o tempo apoiem uma ida à festa, aqui farei a exposição das marchas daquele desfile no dia do feriado municipal da Horta.


sábado, 21 de junho de 2008

A PEDRA-POMES E A PRESSÃO LITOSTÁTICA

Já falara aqui sobre o que acontece quando uma escoada de lava quente passa sobre uma rocha, transformando-a numa rocha metamórfica devido ao calor. No mesmo local do post de então, vê-se que outra escoada passou sobre um depósito de pedra-pomes, que não só ficou em parte cozido, como foi literalmente comprimido pelo peso dos produtos que o vulcão do complexo da Ribeirinha depositou superiormente.

Na foto em cima, o nível avermelhado superior é um paleossolo e/ou uma camada de basalto antiga parcialmente metamorfisada pelo calor da escoada que a cobriu então (cozimento puro!). Mas o nível ocre inferior já havia sofrido antes um efeito térmico do mesmo tipo e como era constituído por pedra-pomes, altamente porosa e compactável, além do calor, o peso da sobreposição das muitas camadas que se lhe sobrepuseram ao longo das várias erupções do vulcão da Ribeirinha transformaram-na ainda mais.

A camada de pedra-pomes, com o peso das rochas sobrepostas (pressão litostática) sofreu uma compactação tão intensa que as suas heterogeneidades internas ficaram fossilizadas num estreito conjunto de bandas coloridas. A moeda de 1 euro serve para ver quão estreita ficou a espessura deste nível.

Acima, um pormenor da pedra-pomes comprimida, onde os grãos quase ficaram da dimensão das areias, enquanto fragmentos de lava, mais resistentes à compactação, apresentam diâmetros médios superiores.

Assim, se as rochas à superfície, independentemente de serem vulcânicas ou não, sofrem transformações e tornam-se rochas sedimentares. No interior da terra, as rochas sofrem os efeitos da pressão, da temperatura e de outros factores fisico-químicos e transformam-se em rochas metamórficas, independentemente de terem sido ou não rochas magmáticas antes.
Tal como a água na natureza, as rochas também têm o seu ciclo de transformações, mas isso há-de ficar para outros posts mais tarde, ciclo de rochas que também acontece nos Açores.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

PEDRA-POMES: a espuma traquítica

Como disse, os magmas traquíticos, por serem muito viscosos, são expelidos dos vulcões, frequentemente, de forma explosiva, gerando-se então colunas de material ejectado, por vezes, com várias dezenas de quilómetros de altura: coluna eruptiva.
Estas explosões resultam do facto da viscosidade do magma traquítico impedir a libertação dos gases dissolvidos suavemente. Quando a pressão destes se torna muito elevada consegue romper as rochas que estão por cima e dá-se a intensa libertação do líquido misturado com gases, tal como numa garrafa de champanhe ou de gasosa quando se tira a rolha após a agitação do líquido.

Coluna eruptiva no vulcão Pinatubo (fonte: Wikipédia)

Os fragmentos de magma projectados na coluna eruptiva, piroclastos (grãos de fogo) depois, por gravidade, voltam a cair em torno do vulcão, atingindo distâncias maiores ou menores em função da dimensão dos grãos, da altura alcançada e da força dos ventos no momento. Formam-se espessos depósitos em camada destes piroclastos muito porosos, pouco densos (boiam na água), normalmente de cor clara e designados por Pedra-pomes.

Depósitos de pedra-pomes associados às explosões da Caldeira do Faial

Assim, um magma traquítico que sai de um vulcão tranquilamente forma escoada de lavas traquíticas, como as utilizadas na construção da Matriz da Horta, o mesmo material expelido explosivamente tem o aspecto (textura e estrutura) de uma rocha tão diferente que passa a ser conhecido pelo nome de pedra-pomes.

Pormenor de pedra-pomes no Faial, o círculo claro serve de escala, moeda de 1 euro.

A pedra-pomes, por norma é muito friável e esmagável, devido à sua porosidade, por isso, não era utilizada directamente na construção civil. Todavia devido à sua elevada quantidade de sílica pode tomar o nome comercial de pozolana, ser moída e misturada com calcário no fabrico de cimento. Situação que acontece na produção do cimento açoriano, que importa a componente calcária já tratada do Continente (clinquer) e é misturada com pozolanas das ilhas.

Pedra-pomes coberta de líquenes e musgos devido à humidade, o que lhe altera a cor superficial.

Também devido à baixa densidade da pedra-pomes existem experiências de utilizar esta rocha no fabrico de alguns tipos de tijolos muito leves, que reduzem o risco de danos pessoais em caso de desmoronamento provocado por sismo.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

O CINEMA NA MACARONÉSIA EUROPEIA - HORTA

Numa cooperação entre a Direcção Regional da Cultura e o Cineclube da Horta, realiza-se hoje e amanhã na Horta um colóquio inter-regional subordinado ao tema:
Cinema na Macaronésia Europeia
(texto extraído da página do Cineclube da Horta)
Na sequência de dinâmicas de cooperação inter-regional derivadas da execução do projecto no domínio da fotografia antiga MEDIAT - Memória Digital Atlântica, e também no âmbito do programa de iniciativa Comunitária INTERREG III B, o projecto CINEMEDIA - Recuperação e Digitalização do Património Cinematográfico visou o objectivo de transformar-se num ponto de viragem na conservação e promoção da memória fílmica dos arquipélagos atlânticos da Macaronésia. A par da realização de Jornadas do Cinema Insular Atlântico, o CINEMEDIA deixa aos Açores em edição electrónica a primeira base de trabalho aprofundado de investigação sobre a evolução do cinema no arquipélago, o primeiro levantamento da filmografia dos Açores existente em arquivos nacionais e estrangeiros, e a recuperação e digitalização de património fílmico, nomeadamente o “Documentário Terceirense”, um trabalho de 1927 com grande significado histórico para os Açores por se tratar das primeiras filmagens realizadas por um autor natural do arquipélago. A jusante de objectivos específicos, e tal como o MEDIAT, também o CINEMEDIA foi pretexto para novas dinâmicas geradas de modo espontâneo a partir de relações institucionais inter-regionais propiciadas pelos projectos, bem como foi um elemento propiciador de uma renovada reflexão sobre a oportunidade para um novo impulso nos Açores no domínio da criação contemporânea.



Colóquio inter-regional

O CINEMA NA MACARONÉSIA EUROPEIA

Projecto CINEMEDIA - Recuperação e Digitalização do Património Cinematográfico

Local: BIBLIOTECA PÚBLICA E ARQUIVO REGIONAL DA HORTA

SEGUNDA-FEIRA 16 DE JUNHO DE 2008

21H00 Abertura

21H05 APRESENTAÇÃO História do Cinema na Macaronésia Europeia - DVD

21H05 APRESENTAÇÃO Prontuário do Cinema da Macaronésia Europeia - CD

21H20 COMUNICAÇÃO Apontamentos para a História do Cinema nos Açores
CARLOS ENES - DOCENTE DE HISTÓRIA E INVESTIGADOR
Um breve olhar sobre os primórdios do cinema nos Açores, no século XIX, apresentando as mudanças que se foram operando ao longo do século XX, quer a nível técnico quer a nível das salas de cinema que se foram espalhando por todas as ilhas. De igual modo, serão focados aspectos relacionados com a chamada cinematografia açoriana, desde a sua fase experimental até ao presente.

21H50 COMUNICAÇÃO A Luz e a Sombra
MARIA HELENA ARAÚJO - DIRECTORA DO PHOTOGRAPHIA-MUSEU “VICENTES”
Devido à sua posição geo- estratégica, a Madeira desde cedo tem contactos com os novos eventos que vão ocorrendo pelo mundo. Alguns desses conhecimentos são trazidos para a ilha através de um turismo cosmopolita que ali veraneia e mantém convívio com a nobreza e a burguesia mais abastada da ilha. Deste modo, vão transmitindo o que mais “moderno” ia acontecendo nas áreas da fotografia e do cinema. Por sua vez, essas classes sociais, devido ao seu poderio económico, viajam pela Europa e chegam a participar e visitar exposições internacionais, onde adquirem “aparelhos fotográficos e de projectar” que transportam até à ilha. Apresentação de alguns objectos dos primórdios da “imagem em movimento” na colecção do Photographia-Museu “Vicentes”. A evolução do cinema na Madeira: os primeiros filmes projectados na ilha, a 15 de Julho de 1897; as primeiras “casas de espectáculo”; as primeiras películas realizadas no arquipélago; breve biografia de alguns Realizadores, Produtores e actores madeirenses.

22H20 COMUNICAÇÃO Da Madeira a New Bedford: O Cinema na Diáspora Insular
DUARTE MENDONÇA - AUTOR E INVESTIGADOR
A importância do cinema insular no panorama cultural e recreativo da pujante comunidade portuguesa radicada na cidade baleeira. Sendo um dos mais importantes destinos da emigração açoriana e madeirense nos Estados Unidos, ali chegaram, desde finais da década de 1910, inúmeras produções cinematográficas que alcançaram grande sucesso aquando da sua projecção; APRESENTAÇÃO DO LIVRO Da Madeira a New Bedford - Um Capítulo Ignorado da Emigração Portuguesa nos Estados Unidos da América - No decorrer da comunicação, sustentada numa apresentação em PowerPoint, será visionada documentação inédita recolhida na antiga imprensa portuguesa de New Bedford e contida no livro “Da Madeira a New Bedford - Um capítulo ignorado da emigração portuguesa nos Estados Unidos da América” , de que o conferencista é autor e a cuja apresentação sumária procederá.

TERÇA-FEIRA 17 DE JUNHO DE 2008

21H00 Abertura

21H05 COMUNICAÇÃO Faial Filmes Fest e a Produção Cinematográfica no Faial
MIGUEL VALENTE - DIRECTOR DO FESTIVAL DE CINEMA FAIAL FILMES FEST

Tendo começado como uma mostra de curtas-metragens realizadas por autores nascidos ou a residir na ilha do Faial, o Faial Filmes Fest despressa evoluiu para o nível de concurso de curtas metragens na ilha, estimulando a produção cinematográfica local com resultados muito interessantes. Em apenas duas edições em formato de competição o Faial Filmes Fest, permitiu que diversos jovens tenham visto o seu trabalho cinematográfico reconhecido tendo alguns deles seguido estudos superiores na área do cinema. As trocas de experiências entre realizadores profissionais e amadores, nacionais, regionais ou locais, juntamente com a realização de debates e workshops durante a semana do evento é a aposta da próxima edição do Faial Filmes Fest, sendo o objectivo da organização que este evento sirva de catalizador do aumento da produção cinematográfica de curtas metragens a nível regional, assumindo-se como o Festival de Cinema dos Açores.

21H30 COMUNICAÇÃO Itinerários do Cinema nas Canárias
ANTONIO VELA DE LA TORRE - DIRECTOR DO CENTRO DE FOTOGRAFIA ISLA DE TENERIFE E DA BIENAL FOTONOVIEMBRE
Uma breve reflexão sobre o caminho percorrido desde 1896 pelo cinema nas Canárias, por acção de diversas instituições e outras entidades, públicas e privadas. Um olhar pelo património cinematográfico e as medidas emprendidas para a sua recuperação e conservação.

22H00 COMUNICAÇÃO Macaronesia. Partilhando a Natureza, a História e a Cultura
FRANCISCO GARCÍA-TALAVERA CASAÑAS - PRESIDENTE DO ORGANISMO AUTÓNOMO DE MUSEOS Y CENTROS, DO CABILDO DE TENERIFE

Os arquipélagos dos Açores, Madeira, Canarias e Cabo Verde demarcam-se na singular região biogeográfica da Macaronesia. A sua origem vulcânica e ocânica, o seu clima influenciado pela orografía, os ventos alisios e o sistema de correntes marinhas do Golfo, conferem a estas ilhas atlânticas luminosas paisagens, únicas e variadas, perfeitos cenários para a rodajem de todo o tipo de películas. Mas não só as une a natureza comum, já que, desde a sua descoberta e conquista – no caso das Canárias – os macaronésios partilham episódios históricos e muitos raços da cultura ibérica, por causa da prolongada disputa colonial, e o posterior acordo para a sua posse, entre as coroas de Portugal e Castela.

22H20 COMUNICAÇÃO As Políticas Culturais e a Contemporaneidade
VASCO PEREIRA DA COSTA - DIRECTOR REGIONAL DA CULTURA

A preocupação pelo legado de marcas do nosso tempo levou a que fossem preconizados equipamentos culturais – museus e bibliotecas – em toda a Região, reformulando e criando espaços estéticamentre atractivos e funcionais. Por outro lado, no domínio das artes plásticas, considerou-se importamte a constituição de um acervo que, sinalizando o presente, pudesse antever um sentido e uma função do visual.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

FERNANDO PESSOA - 120 anos

Pessoa, por João L Roth (in Wikipédia)


Quero ser livre insincero
Sem crença, dever ou posto.
Prisões, nem de amor as quero.
Não me amem, porque não gosto.

Quando canto o que não minto
E choro o que sucedeu,
É que esqueci o que sinto
E julgo que não sou eu.

De mim mesmo viandante
olho as músicas na aragem,
E a mesma alma errante
É uma canção de viagem.

Fernando Pessoa

Obrigado, fingidor, por teres sido quem fostes,
pela obra que deixastes...

quarta-feira, 11 de junho de 2008

O TRAQUITO NA CONSTRUÇÃO FAIALENSE 2

O Colégio dos Jesuítas na Horta é sem dúvida o maior conjunto arquitectónico da ilha e a sua fachada principal a mais imponente dos Açores. Não só devido à sua grande dimensão, mas sobretudo, devido ao facto de nesta cidade, em anfiteatro, os templos serem colocados, por norma, em locais sobreelevados na encosta, virados ao mar e ao Pico, o que lhes amplia a volumetria aparente e a monumentalidade. (clique nas fotos para ampliar).

A dimensão deste conjunto, numa vila de poucos milhares de habitantes, mostra quão importante era a Horta como escala nas rotas marítimas do império português do século XVII e XVIII. A sua construção, entre o período barroco e rococó, foi favorecida por uma época em que a arquitectura católica exaltava a força da religião, por isso, não admira que o interior estivesse preparado para acolher todos estes princípios e a talha dourada...

Só que enquanto o templo se construía, o Marquês de Pombal expulsou os Jesuítas de Portugal e a igreja ficou com a decoração incompleta. Não sei como seria se tal acontecimento não tivesse ocorrido, mas a sua ocorrência permtiu que a importância do traquito na traça arquitectónica ficasse bem evidenciada. Num espaço cuja grandiosidade interior apresenta paredes laterais que mais parecem alçados exteriores, com uma elegância que, por mais que olhe, nunca deixo de admirar.

Paredes brancas, com arcos, altas, modeladas pela cantaria cinza clara e alguma talha dourada quanto baste, conferem a este templo uma beleza muito própria e uma dignidade ao traquito que não conheço em mais lugar nenhum.

Transformada em Matriz da Horta no século XIX, devido à ruína e desmoronamento da antiga Matriz, em consequência das várias crises sísmicas, intempéries e incêndios que a afectaram. A nova Matriz passou a ter o orago da anterior, São Salvador, dignamente colocado no altar-mor, concluído pelos jesuítas, cercado de líndissimos azulejos, mas onde é notória a falta de talha dourada a cobrir a capela e... claro está, ficou evidenciado o traquito.

No lado sul do templo, o único altar e respectiva capela concluídos, servem de perspectiva de como, provavelmente, seria este templo: caso os jesuítas tivessem completado a obra. Seria muito belo e rico, mas preservaria a elegância que possui presentemente?

O magma traquítico, como disse no post anterior, é frequentemente expelido dos vulcões de forma explosiva... passa então a ter outro nome e aspecto, mas isso fica para o próximo post.

sábado, 7 de junho de 2008

O TRAQUITO NA CONSTRUÇÃO FAIALENSE 1

Entre as escoadas de lava vulcânicas menos frequentes encontram-se os traquitos, cuja rocha apresenta uma cor cinza claro. No Faial estas rochas são relativamente raras (situação algo diferente acontece na Terceira), pelo que se compreende que na arquitectura faialense haja poucos edifícios importantes que tenham traquitos como principal material de construção. (clique nas fotos para as ampliar)

Um dos imóveis na cidade da Horta, com dimensão significativa, onde os construtores recorreram ao traquito é o Colégio dos Jesuítas. Um complexo de edifícios que actualmente alberga o Museu da Horta (à esquerda), a igreja Matriz (ao centro) e a sede da Câmara Municipal da Horta ( à direita).

O magma de composição traquítica, contrariamente ao basáltico, é relativamente rico em silício, sódio, potássio e gases vulcânicos dissolvidos, o que o torna altamente viscoso e, por isso, é expelido, frequentemente em actividade explosiva sob a forma de fragmentos (piroclastos) e mais raramente de uma forma calma efusiva em escoada de lava. Mesmo neste último caso, a viscosidade das lavas impede que as escoadas progridam facilmente no terreno e, por isso, ou se acumulam num doma ou em escoadas curtas e espessa.

Apesar do traquito ser relativamente fácil de esculpir, no Faial é utilizado quase exclusivamente em cantarias simples ou em raros desenhos incorporados nas paredes de alvenaria, como acontece sobre as portas e na parte superior da fachada Matriz.

O pórtico de entrada para o Museu é talvez o local onde o traquito no Faial foi mais intensamente esculpido, contrariamente à Igreja do Colégio dePonta Delgada. Nota: O brasão de armas é em calcário importado do Continente

Infelizmente, a doçura do traquito, em se deixar esculpir pela mão do homem, é também a sua fragilidade para resistir aos efeitos abrasivos das intempéries e do sal atmosférico resultante da proximidade ao mar, como se vê no pormenor do pórtico de entrada no Museu.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

REGRESSO E O PÓS-REFLEXÃO

Após o dever de trabalho cumprido... eis que começa a viagem de partida de Ponta Delgada, em São Miguel...


para o regresso à Horta, no Faial.

Novamente pronto para recomeçar o trabalho e... com o bichinho do blog a morder cá dentro.

Espero, muito rapidamente, recomeçar a actividade desta página, até porque o período de reflexão, os comentários inesperados recebidos durante conversas em Ponta Delgada e a participação dos visitantes no inquérito e nas marteladas, demonstraram que afinal Geocrusoe deve continuar, talvez com uma frequência de actualizações menor... mas, independentemente da velocidade... o importante é seguir em frente.

domingo, 1 de junho de 2008

QUE FAZER COM ESTE BLOG? Inquérito

Nos últimos tempos tenho-me interrogado sobre o que fazer com este blog. Nascido acidentalmente há mais de um ano, quando apenas queria colocar uma mensagem num outro blog. Desde então, Geocrusoe tomou corpo e cresceu, aqui partilhei as minhas impressões, gostos e saberes, enquanto o espaço se tornou cada vez mais visitado, sobretudo por lusófonos espalhados pelos vários continentes.

Uma vez que profissionalmente me desloco a Ponta Delgada nos próximos dias, julgo ser o momento de dar a palavra aos visitantes de uma forma diferente. Sei que destes alguns são conhecidos e trocam impressões comigo aqui e fora deste espaço, outros tornaram-se amigos e companheiros da blogosfera e comentam as mensagens aqui deixadas, alguns solicitaram a disponibilidade de textos e fotos para a sua vida, mas a maioria continua desconhecida e aqui passam com uma frequência variada ou por acaso e sem uma palavra.

Assim, decidi ouvir e conhecer um pouco mais quem aqui me visita. Porque vem, o que procura e o que gostava de encontrar mais? Não direi que Geocrusoe ficará à medida dos leitores, numa versão de mensagens a pedido. Continuará a ser a minha página, com as minhas impressões como geólogo que gosta de ciências, de artes e de trocar ideias e saberes, a partir de uma ilha bela e cosmopolita, embora já não tão isolado, mas adequar as conversas aos interesses de ambas as partes também é positivo e fortalece a união.

O inquérito não permite conhecer o autor das respostas, pelo que pode participar e continuar incógnito, para qualquer identificação ou outra pormenorização continua disponível o cantinho das marteladas por baixo do post, aberto e sujeito à minha moderação, caso se torne necessário perante alguma pancada em desrespeito às tradições deste blog. PARTICIPE!