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domingo, 17 de novembro de 2013

"A Varanda do Frangipani" - Mia Couto

Editorial Caminho

Depois do prémio literário Neustadt atribuído pelo conjunto da obra a Mia Couto, um galardão quase com a mesma importância de um Nobel, decidi revisitar este escritor moçambicano que inunda os seus livros com vocabulário do seu País e trabalha as palavras de forma a evidenciar o Português falado na sua Pátria.
"A Varanda do Frangipani" (árvore daquela região que altera os períodos de floração com os de folhagem caduca, esta característica uma raridade naquelas latitudes) é um pequeno romance policial, do tipo fantástico que decorre num remoto lar de idosos e serve de parábola à decadência de Moçambique no pós-guerra colonial e civil quando o Pais entrou em paz, mas com um sistema corrupto e cheio de feridas por sarar. 
Ao ritmo calmo e nostálgico da velhice vai decorrendo o trabalho de detetive de onde brotam as feridas do colonialismo, a morte dos antigos valores e cultura e os ecos do estado a que o País chegou: onde a corrupção é o capim em que todos se alimentam, onde ser-se honesto é ser um fruto bom numa árvore podre sujeito à rejeição ou à contaminação.
Apesar deste ambiente, é um livro onde a esperança sobrevive, há humor, muita ternura, é de leitura fácil e o potencial do grande escritor está todo na obra. Recomendo a sua leitura.

2 comentários:

Pedrita disse...

eu adoro esse autor, li recentemente a confissão da leoa e amei. esse eu não li. anotado. beijos, pedrita

Carlos Faria disse...

Cá em Portugal também tenho ouvido muitas boas referências à Confissão da Leoa.