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domingo, 14 de maio de 2017

"Rebecca" de Daphne du Maurier


Li Rebecca", da escritora inglesa Daphne du Maurier, sobretudo para conhecer o livro que esteve na base do filme homónimo e uma da obras mais empolgantes do realizador Alfred Hitchcook que eu vira no cinema há umas décadas atrás e sabia muito ter gostado, mas já com poucas memórias da história. Algumas passagens do romance recordaram-me cenas do filme e inclusive certas memórias revelavam-me o evoluir de alguns momentos da narrativa, todavia, felizmente, nunca o desenlace final, o que permitiu manter o suspense até à última página.
A protagonista narra o modo de como jovem de companhia de uma velha rica e presunçosa conheceu num hotel de verão em Monte Carlo um inglês mais idoso, senhor de uma importante mansão e viúvo de Rebecca, uma mulher admirada pela sua beleza e vida social que morrera recentemente num acidente. O encontro entre os dois conduziu a um casamento repentino e ao choque da sua entrada numa nova vida na imponente residência de Manderley cheia de memórias da anterior mulher e onde a mordoma que criara e se afeiçoara à anterior dona alimenta um ódio à nova senhora sentindo-a como intrusa e usurpadora sem o nível da anterior. No seio destas dificuldades e insegurança da segunda Mrs. de Winter, narradas no início a um ritmo lento e nostálgico, um incidente traz ao de cima com grande violência e perigo dúvidas sobre as causas da morte de Rebecca que colocam em ameaça uma relação ainda cheia de incertezas de ser fruto de um amor correspondido e onde o fantasma da falecida parece vir vingar-se ao longo de uma investigação policial cheia de suspense até ao final.
O romance apresenta uma escrita muito feminina, cheia de sentimentos e pormenores dos espaços percorridos e situações narradas por um coração de mulher e essa forma sente-se não só na sensação de insegurança e lentidão de adaptação social na primeira metade da obra, como na força do companheirismo e do amor com que a ansiedade do suspense é combatida na segunda metade da obra face a todos os perigos que colocam em risco um amor que se descobre ser forte, apesar de uma sombra do passado que afinal era uma ameaça mas por razões bem díspares dos receios da segunda Mrs. de Winter.
Uma obra que junta romantismo, literatura policial e suspense brilhantemente escrita e estruturada, com um grande tempero feminino. Gostei e recomendo.

8 comentários:

Pedrita disse...

bela capa. li há vários anos. achei na biblioteca da minha família uma edição muito antiga. gostei tb. beijos, pedrita

Bárbara Ferreira disse...

Carlos, li este livro há alguns anos e gostei mesmo muito - o suspense e a incerteza são fenomenais, especialmente a incerteza, todas as frases vagas e "feitas" da personagem principal em situações sociais, por exemplo, onde se sente destacada e inferior. Desde então adquiri mais alguns livros da autora, dos quais li apenas um, em Dezembro, "My Cousin Rachel", que recomendo muitíssimo. Incerteza até à última página - e mesmo depois!

Carlos Faria disse...

Pedrita
A capa não é feia mas pouco tem a ver com o conteúdo da obra que consegue ser um livro de suspense e romantismo com grande valor literário.

Bárbara
Não li nenhuma outra obra desta autora, mas disseram-me que esta supera todas as outras.

Kelly Oliveira Barbosa disse...

É a segunda resenha que leio desse livro. Gostei da premissa, vou adicionar a lista para ler.

Gostei dos comentários sobre a escrita feminina. O "tempero feminino" rs.

Carlos Faria disse...

É um livro muito agradável de se ler, sem uma mensagem de fundo mas sem dúvida belo.

Denise disse...

Olá Carlos,

Como adoro este livro.
A mensagem de fundo (uma delas), penso eu, assenta na resiliência de cada um. A falta de confiança da protagonista nunca lhe permitiu dar grandes passos, na sombra sinistra de Rebecca.

Boas leituras!

Carlos Faria disse...

Ambos os membros do casal tinham uma sombra à sua maneira que envolvia Rebecca, mas a resiliência é que medo que o amor não estivesse a ser correspondido devido à sombra, ambos agiam de modo a amadurecer essa relação. É de facto uma narrativa muito bem feita.

DIARIOS IONAH disse...

Eu li muitos anos atrás e lembro que gostei muitissimo!